Resumen de la ponencia. XII Congreso de Fitoterapia Ciudad de Oviedo: 22 a 24 de octubre de 2020
Nuno Cerca. Centro de Engenharia Biológica, Laboratório de Investigação em Biofilmes Rosário Oliveira (LIBRO), Universidade do Minho Campus de Gualtar, 4710-057 Braga, Portugal
A vaginose bacteriana é a infeção vaginal mais comum em mulheres na idade reprodutiva, estando associado a várias complicações na saúde das mulheres, incluindo a indução de parto prematuro, a causa de abortos e o aumento da aquisição de doenças sexualmente transmissíveis, incluindo HIV. A etiologia da vaginose bacteriana é ainda alvo de controvérsia, sendo que existem várias evidências do envolvimento de um consórcio de várias espécies microbianas, que formam biofilmes no epitélio vaginal. Os biofilmes são compostos por várias camadas de bactérias, que estão protegidas por uma matriz contendo proteínas, polissacáridos e DNA extracelular, o que resulta num aumento significativo da tolerância à atividade dos antibióticos, assim como à própria resposta do sistema imune do hospedeiro. No caso da vaginose bacteriana, são cada vez mais as infeções recorrentes, que resultam da incapacidade de eliminar todas as bactérias contidas nos biofilmes. Por essa razão, vários grupos de investigação têm vindo a tentar encontrar alternativas, incluindo antissépticos, agentes acidificantes, próbioticos e produtos derivados de plantas. O nosso grupo tem vindo a estudar o potencial de produtos naturais derivados de plantas como alternativas ao combate à vaginose bacteriana.
A Thymbra capitata é uma planta aromática endémica na região mediterrânea, cujo valor como agente antimicrobiano já foi previamente descrito associado a várias infeções, incluindo infeções causadas por biofilmes, tais como candidíases ou infeções associadas a biofilmes por Staphylococcus epidermidis. A sua atividade deve-se fundamentalmente ao seu óleo essencial rico em monoterpenos fenólicos. Para determinar o potencial do óleo essencial de T. capitata no combate à vaginose bacteriana foram realizados vários estudos, incluindo a sua aplicação a biofilmes formados por 6 espécies bacterianas associadas à vaginose bacteriana. Os biofilmes foram caracterizados em termos de biomassa total e de viabilidade celular. Curiosamente, embora não tenha eliminado toda a biomassa do biofilme, o óleo essencial de T. capitata foi capaz de eliminar completamente a viabilidade celular de todos os biofilmes testados, demonstrando assim o enorme potencial para futuros tratamentos da vaginose bacteriana. Futuros estudos deverão agora focar-se na questão da aplicabilidade do óleo essencial, em concentrações que não sejam citotóxicas e que não causem efeitos secundários adversos.